O tecido acrobático é uma modalidade aérea circense, também
denominada dança aérea, dança acrobática, tecido aéreo ou tecido
circense. Ao contrário de outras centenárias modalidades do circo, como o
malabares, as acrobacias e o trapézio, o tecido apresentou seu
desenvolvimento nos últimos anos.
Sobre a história desta prática, Desiderio (2003), traz um relato
expressivo da historiadora de circo, Alice Viveiro de Castro, no qual
relata que quando esteve no festival Internacional de Acrobacias de
Wuqia (China), em 1999, foram expostos alguns desenhos orientais
apresentados por uma pesquisadora da escola de Circo de Beijin, com
performances em grandes panos nas festividades dos imperadores da China
por volta do ano de 600 d.C., utilizando a seda como tecido da época.
Ainda segundo Desiderio (2003), no ocidente, um dos relatos mais antigos
é uma experiência nas décadas de 1920 e 1930, em Berlim (Alemanha), por
alguns artistas que realizaram movimentos com as cortinas de um cabaré.
Não se sabe ao certo quem o inventou, mas se acredita que o tecido é
uma extensão do trabalho de corda lisa, uma modalidade que antigamente
era de sisal e atualmente é de algodão (esta última confere maior
flexibilidade e conforto durante as travas). Por sua vez, parece que as
performances na corda tenham surgido das evoluções realizadas pelos
artistas quando subiam ao trapézio, ou até mesmo durante a instalação
(montagem) do circo, na qual se utilizam as cordas para subir e descer
das alturas.
Por outro lado, alguns relatos indicam que foi na França que o tecido
circense foi aprimorado após pesquisas com diferentes materiais
(cordas, tecidos, correntes, etc.), realizadas pelo francês Gèrard
Fasoli nos anos de 1980 (DESIDERIO, 2003). Neste período, chegou-se à
utilização de um material bastante resistente no comprimento e, ao mesmo
tempo, com elasticidade na largura, o que lhe confere grande
plasticidade e leveza. Este moderno material denomina-se liganete.
Possivelmente existam outras ligas sintéticas que podem ser utilizadas
para esta prática. No entanto, o mais importante é que este material
suporte o peso do praticante multiplicado até quatro vezes
(aproximadamente).
A inexistência de regras e a necessidade de inovar e criar, típicas
das artes cênicas, fez surgir diferentes formas de prática do tecido na
modernidade. Deste modo, a forma de fixar (amarrar) o tecido, assim como
a altura, pode variar, e estes fatores influenciarão os tipos de travas
(ou chaves), truques e quedas que poderão ser executados. Geralmente, o
tecido é fixado acima dos 4 metros de altura (até 12 aprox.), mas vale
ressaltar que um trabalho de iniciação nesta modalidade pode e deve ser
realizado a poucos metros de altura, o que oferece maior segurança para o
aprendiz. Gradativamente, e à medida que o praticante for se
desenvolvendo e adquirindo qualidades físicas, técnicas e atitudinais
(confiança, etc.), a altura das evoluções podem ser implementadas.
De acordo com uma pesquisa realizada por Batista (2003), a prática do
tecido aparece em diferentes contextos (espaços), não apenas debaixo da
lona do Circo tradicional, mas também em academias, teatros, escolas,
universidades, boates, clubes, dentre outros, e também com distintos
objetivos. Bortoleto e Machado (2003) distinguem os três principais
âmbitos de aplicação das atividades circenses: recreativo, educativo e
profissional. Podemos dizer que o tecido circense já é praticado nestas
três perspectivas e seus praticantes, geralmente, são pessoas que se
apaixonam pela beleza e plasticidade desta modalidade, independentemente
do objetivo de transformar-se num artista.
Dos aparelhos aéreos mais tradicionais das artes circenses (trapézios
e suas variações, lira, bambu, corda indiana, argola olímpica etc.), o
tecido é um dos aparelhos de mais fácil aprendizagem, sobretudo porque o
material se molda ao corpo e se adapta de acordo com as características
do praticante. Já os outros aparelhos, como o trapézio e a lira, por
exemplo, exigem maior força e domínio corporal e também exigem que o
corpo do praticante se molde ao aparelho, beneficiando, portanto, os que
têm mais flexibilidade e força.
Fonte: www.corpomagico.com.br

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